Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2016

Relatos selvagens:autonomia e responsabilidade

Até que ponto você é livre para ser quem você é? Qual o limite entre a sua culpa e a culpa dos outros em suas decisões? Ás vezes, acredito que já tenha ocorrido com você, nos surpreendemos com nossas próprias ações, agimos de certa forma que não nos imaginávamos capaz de agir. Daí indagar: até que ponto conhecemos a nós mesmos? Até que ponto temos o controle sobre nossas ações e reações? Estes são alguns dos temas tratados em “Relatos Selvagens”, filme argentino de 2014, dirigido por Damián Szifron, que conta seis histórias de pessoas que se encontram no limite do que chamamos “sanidade”. O primeiro relato apresentado pelo filme trata do dilema autonomia e responsabilidade. Sartre, filósofo francês do século passado, afirmava que somos condenados a ser livres e, neste contexto, somos totalmente responsáveis por quem nos tornamos. Segundo o filósofo, tomamos diversas decisões ao longo da vida, as quais apresentam sempre mais de um caminho possível, portanto, a escolha do percurso é ...

Filosofia e Cinema: Inception

Cotidianamente somos bombardeados por padrões, por normas, por modelos. Aprendemos a estabelecer limites e prioridades, somos ensinados a separar e hierarquizar as tarefas, nos tornamos servos do relógio, da aparência, das normas, ou para usar uma expressão de Foucault vivemos na ditadura da beleza e na ditadura do relógio. Até mesmo os sonhos foram padronizados, o que se entende por felicidade vem hoje embrulhado dentro de caixas ou se encontra em certos lugares que aceitam cartão de crédito. Dentro do turbilhão de tarefas do cotidiano falta tempo para uma respiração mais profunda, calma e intensa. E quando finalmente se tem um tempo livre, vem a necessidade de preenche-lo com algo, afinal há muito o que se ver, lugares diferentes a se visitar, caminhos para serem experimentados, situações a serem vividas. Nada contra em se ter novas experiências, se isso vier junto com o olhar para dentro de si mesmo, aquela “dangerossíssima tarefa” de que já falava Drummond. Neste sentido, muit...

A sociedade do fala que eu não escuto

Na sociedade de hoje, as informações circulam com uma velocidade avassaladora, assim como as opiniões. Todo mundo tem algo para dizer sobre tudo, o que seria muito interessante se não fosse a falta de percepção e análise sobre aquilo que se fala e sobre aquilo que o outro diz. Quando uma notícia aparece na mídia, imediatamente, começam a brotar opiniões de todos os lados, mesmo antes da reportagem acabar. As pessoas, ou melhor, grande parte das pessoas (generalizações são perigosas!) não se permitem digerir a notícia, ruminar a informação. Isso mesmo, ruminar. Assim como vários animais fazem com o alimento, nós precisamos fazer com a informação: regurgitar e novamente mastigar. Muitos apressadinhos não permitem nem mesmo que a informação passe para o aparelho digestivo, basta cheirar a notícia para extrai dela as mais convictas posições. Daí nascerem diversos e perigosos erros. O fato de existir uma chuva de conclusões sem uma análise mais apurada dos fatos, já é suficiente par...

A ESPERA

A ESPERA Ele estava parado aguardando o ônibus como fazia todo dia de manhã. O dia amanhecera calmo e úmido. Hoje vai chover, pensava consigo mesmo enquanto verificava se estava com o guarda-chuva dentro da mochila. Não havia ninguém na rua, apenas o vento passeava naquela manhã, um vento gelado e contínuo. Ele fechou  o casaco enquanto observava o balançar das folhas das árvores, pareciam que dançavam, uma espécie de espetáculo da natureza. Reparou que quando o vento vinha mais forte algumas folhas caiam no chão, assim como algumas flores, e aquilo dava um colorido especial para as calçadas, como um tapete para enfeitar o caminho daqueles que passam apressados. Sorriu para si mesmo ao pensar na poesia por trás deste seu pensamento. Mas logo se lembrou que poucos seriam aqueles que teriam a capacidade de contemplar aquele presente. A natureza enfeita nosso caminho e nós nem mesmo paramos um minuto para contemplar, pensou ao olhar para as árvores que agora balançavam com mais...