Dois corpos embalados pela música e pela noite dançavam
juntos. Ela pousou a mão delicadamente no pescoço dele, fechou os olhos e
deixou-se levar pelo calor daquele corpo. Ele deitou o rosto nos cabelos dela,
enlaçou-a pela cintura, torcendo para que a música não acabasse nunca.
Os dois seguiam o mesmo embalo, sem se importar com o
ritmo. A música era deles. As pernas se entrelaçavam, os pés não se davam o
trabalho de sair do chão.
A mão dele foi a procura da mão dela. Os dedos se
acariciaram, brincaram de se enroscar, até que as duas mãos em posição de
concha se entrelaçaram, criando uma só forma.
Ela levantou um pouco o rosto, o suficiente para se
olharem e vagarosamente deixaram os lábios se encontrar. As línguas e os sabores
se misturaram, as cabeças ditavam o ritmo, as mãos deslizavam, como uma coreografia
inconsciente.
Aos poucos os braços se acalmaram, as cabeças pararam de
girar, mas as bocas não conseguiam se desgrudar. Com os lábios ainda juntos, os
dois corpos dividiam a mesma respiração e sentiam a perfeição que se revela
naqueles segundos silenciosos nos quais respiramos fundo e um sorriso espontâneo
nasce e cresce sem precisar de explicação.
Sabiam que um dia a música acabaria, mas até lá estariam
assim, dançando, de mãos dadas até o futuro.
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