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Mostrando postagens de 2011

Os Presentes da Vida

A vida é composta de presentes, durante o dia há vários espalhados por cada minuto. Alguns mais escondidos, difícil de se perceber na primeira olhada. Outros estão tão explícitos que não conseguimos ver ou simplesmente não nos importamos. Para alguns, os presentes mais importantes possuem uma certa cifra, um certo valor material. Coitados! Esses ainda não aprenderam que os maiores presentes possuem em si uma clareza, uma simplicidade, uma leveza que não se mede. Os melhores presentes se revelam naqueles segundos silenciosos nos quais respiramos fundo e um sorriso espontâneo nasce e cresce sem precisar de explicação. Se alguém me pedisse para descrever meu maior presente faltariam palavras. Como eu poderia explicar o cheiro do seu corpo? Ou o olhar de cumplicidade e o sorriso fresco na cama de manhã? Como eu poderia explicar a magnitude do seu toque? A leveza da sua respiração e o silêncio dos carinhos? Se alguém me pedisse para descrever  meu maior presente eu simplesmente olhar...

Como morar em uma república com onze meninas e não enlouquecer

Os mandamentos 1 o . Lavar a louça sobre todas as coisas. Viver com outras pessoas não é fácil, ainda mais quando são mulheres. Não quero parecer preconceituosa, afinal também sou mulher, mas não é segredo para ninguém que as mulheres possuem manias, preocupações e complicações que nem elas aguentam. Imagine onze mulheres vivendo sobre o mesmo teto, agora imagine que são estudantes universitárias, passando por diversos momentos de transição, seja no campo profissional, emocional, social ou financeiro, assim é possível ter uma noção do que aconteceu por trás das paredes daquela república, coisas que mesmo Deus duvida. Para ter uma convivência mais tranquila e evitar possíveis danos (psicológicos e físicos) é preciso seguir certos mandamentos, os quais eu aprendi na prática e agora passo para você. Se seguir os mandamentos com certeza conseguirá viver em uma república sem enlouquecer. Um dos pontos principais diz respeito à louça suja. Nunca ouse deixar uma panela, prato ou mesmo um c...

Educação

Afinal, educação para quê? Sempre ouço falar da importância da educação para a formação do cidadão, para a melhoria de um país, para o crescimento humano, para a evolução da humanidade. Sempre ouço as propagandas políticas exaltando seus programas educacionais, enchendo a boca para falar da construção de novas unidades ou da ampliação da rede de ensino. Mas quando olho para o lado, vejo um país semianalfabeto, com crianças na rua, sem ter para onde ir, com famílias que tentam sobreviver com o pouco que lhes é garantido. Olho para o lado e vejo os professores desvalorizados e desrespeitados, vejo a falta de estrutura, vejo a bagunça que se tornou a educação. Será que exigir respeito e dignidade é pedir muito? Será que esperar que nossos jovens e adultos consigam ler um texto com propriedade é pedir muito? Será que defender os nossos direitos enquanto cidadãos, enquanto trabalhadores, enquanto seres humanos, é pedir muito? Até quando os professores vão pechinchar salário? Até qu...

Lembranças

Conheci tantos lugares. Variados gostos, texturas e matizes. Senti diversos odores e sabores. Já possuí diversos corpos. Já experimentei diversos suores. Já mergulhei com vontade de nunca mais voltar. Já me perdi nos meus próprios pensamentos. Já caminhei muito. Tentei fugir dos problemas ou me esconder atrás da cortina. Já tapei os meus olhos na vã ilusão de que assim ninguém me veria. Já chorei ao ponto de secarem as lágrimas. Já senti o desespero que abafa toda a vontade de vida. Já gargalhei até quase não mais poder respirar. Já prendi o cabelo por preguiça de pentear. Já roí unha até não sobrar nada. Já bebi ao ponto da cabeça estourar. Já me escondi no quarto com medo do mundo Já dancei na chuva como se não houvesse amanhã. Já chorei baixinho, escondida atrás da porta. Já senti um aperto tão forte no coração, daqueles que bloqueiam qualquer sorriso. Já fiz papel de boba só para que ele sorrisse. Já conheci pessoas que me fizeram feliz pelo simples fato de existirem. J...

Bambolê

O bambolê girava de modo preciso. Pernas, braços, cintura, em uma sincronia impressionante. Um balé de cores, luzes e brilhos. A cada movimento mais ousado o público deixava de respirar, para em seguida soltar um suspiro de alívio. Aplausos, aplausos. Todos deslumbrados com a beleza do espetáculo. E por estarem preocupados demais com o rebolar dos bambolês, não foram capazes de perceber as lágrimas que faziam escorrer a maquiagem. Não repararam na tristeza daquele sorriso, no abandono daquele corpo envolto em bambolês.             Se alguém entrasse no teatro depois daquele espetáculo, observaria o silêncio dos aplausos, a escuridão das luzes e os vários bambolês coloridos jogados ao chão, enfeitando um belo corpo moreno.

Aquela Manhã de Sábado

- O que você está fazendo aí na calçada? Vamos entrar para tomar café. Acabei de comprar pão. - Já vou. Vou chamar os meninos. - Deixo-os dormir. Hoje é sábado e eles levantaram cedo todos os dias para ir à escola. Vamos tomar café só nos dois mesmos. A mesa do café estava pronta: manteiga, queijo, mortadela, café, quatro canecas brancas enfileiradas sobre uma bandeja, tudo sobre uma toalha florida. Eles se sentaram. O dia estava quente. A cozinha era bem arejada, com portas e janelas largas. A mesa de madeira se encontrava no centro, com oito lugares. Dividia o espaço com uma geladeira um pouco desgastada, um fogão antigo, uma pia cinza e um cheiro de casa antiga. Era possível se observar a imagem de um São Benedito pregada na parede. - O leite está na geladeira? - Está sim, já vou pegar para esquentar um pouco para mim. - Não esquente tudo, quero leite frio. - Claro, sei disso. Ah! Você viu que a Dorinha vai se casa. - Casar? Com quem? - Com o Dorival, claro. ...