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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Apenas Nós

O toque em cada centímetro do corpo. Lábios molhados deslizando pela pele. O toque forte, suave. A saliva quente. O cheiro. O salgado do suor escorre pelo meu ombro. Percorre minha cintura . Espalha-se pelo passeio de sua mão. Coração dispara. O sussuro da respiração. Os pêlos eriçam-se. Meu corpo se contrai, estremece. Enrosco-me na malícia dos desejos. Contraio e relaxo. Evaporo. A brisa da sua respiração percorre a minha espinha e sobe até alcançar a orelha. Seu corpo molhado enrosca-se no meu. O cheiro, o gosto, a textura do desejo espalha-se por todo ar. Sua língua transpassa os limites. Todos os ângulos, O ritmo muda e a dança continua até amanhecer. Os braços e pernas percorrem todos o espaço, interminavelmente, para depois repousarem exaustos um sobre o outro. Sem tempo nem espaço. Apenas nós.

O vento

O olhar ao longe, como se estivesse a procurar algo inexplicável. As folhas balançavam ao som do vento. Um vento frio e incessante. Não estava só, o silêncio o acompanhava. Um silêncio que só a ele pertencia. As sensações se misturavam. A pele se desfazia, assim como se esvai o sutil tocar de lábios. Amores tenros e momentâneos. O calor de seu corpo esfriava. O som das vozes perdiam-se no vento. Tudo girava. Não era mais possível distinguir o que era real e o que havia sido um sonho. Tremia. Não conseguia saber bem o porquê. Seria pelo vento gelado, ou pelo calor que se esvaia do corpo? Impossível determinar. Tudo, tudo tão longe. Os pensamentos se perdiam nos caminhos da lembrança. Misturavam-se os sonhos, os desejos irrealizados, os medos e anseios que o angustiavam antes de dormir. Um turbilhão formado por tudo que ele foi e por tudo que desejou ser e fracassou. Por muito tempo almejou ter o poder de esquecer. Fugir das lembranças que teimavam em enlaçá-lo e assombrá-lo. Agora isso...

Sem título II

Ele era magro, olhos negros, cabelos encaracolados. Caminhava lentamente pela avenida. Não tinha pressa, não tinha mala, não tinha casaco, não tinha nada que denunciasse quem fora um dia. Depois de tantas lágrimas sobrou apenas isso. Trapos que flutuavam sujos ao vento. Sempre foi ousado ao ponto de sonhar o impossível. Quase o alcançou. Mas a vida se encarregou de matar grande parte dos seus sonhos. A outra se encarregou ele mesmo. O presente era sempre insuficiente, queria sempre mais. No entanto, não soube administrar os sentimentos e isso acabou por inundar seus olhos e apagar a sua alma.

Sem Título

Quando começa o passado? Quando já é futuro? As perguntas detém os meus passos, ao mesmo tempo que me fazem caminhar. Danço no ritmo do meu próprio tempo. Tropeço nos sonhos abandonados. O aroma do medo atravessa o meu corpo. Não temo mais o escuro, apenas o silêncio de sentimento. Com a imaginação modifico a realidade. Assim, a angústia da impossibilidade não inibe a minha respiração. Despedaço o meu coração para marcar o caminho. E volto desesperado a recolher as migalhas. Mas varias estações já se passaram.

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